A FRAUDE DOS 6 MILHÕES

Numa altura em que nos vemos obrigados a fornecer informações pessoais e até íntimas aos senhores do INE - Instituto Nacional de Estatística, naquela que é a maior "sondagem" feita em Portugal de 10 em 10 anos, dei por mim a pensar porque é que não se aproveitou esta oportunidade, única numa década, para se apurar o verdadeiro número de adeptos de cada clube e sua real grandeza. Quero deixar bem claro que falo apenas em gradeza de adeptos e não grandeza de títulos, porque, a segunda, é por demais evidente e vê-se a "olho nú" sem que seja necessário recorrer aos senhores das estatísticas. Haverá muito "boa" gente que não concordará comigo e que questionará a importância que estou a dar ao fenómeno desportivo, admito que possam ter razão, mas também não tenho dúvidas que, grande parte dessa "boa" gente, sofrerá ao fim de semana, durante 90 minutos, tanto ou mais do que eu. E tudo isto bem a que propósito? É simples. Por causa do mito dos 6 milhões que, algures nos anos 90 do século passado, foi atirado para o ar, como número redondo de simpatizantes desconsolados e que colou sem que ninguém pusesse em causa a realidade dos números e a credibilidade de quem os anunciou. Recordo-me que na altura, coube a João Vieira Pinto, jogador do benfica dar a boa nova que foi acolhida com apoio incondicional pela direcção presidida por Manuel Damásio. Tenho para mim até que a alcunha de "Menino de Oiro" com que J. V. Pinto foi baptizado pelo seu clube de então, não teve nada a ver com os seus dotes futebolísticos, que por sinal eram muitos, mas sim com a sua capacidade de conseguir apurar tão grandioso número, sem simulações ou "mergulhos para a piscina", mas fundamentalmente sem precisar ler nas estrelas. Curioso é saber que o prazo de validade de tão majestosa "sondagem" não caducou, ao contrário dos Censos que duram 10 anos, e manteve-se inalterável, se é que não cresceu até... talvez fosse vitalícia como o contrato do Joãozinho com a agremiação de Carnide. Se era evidente que o número de 6 milhões não fazia sentido, também não é menos verdade que sem se ser vidente, também era difícil desmentí-lo com provas por manifesta falta de meios. Hoje, passados mais de 15 anos as novas tecnologias vieram simplificar o processo e, embora se continue a enganar os tolos reafirmando-lhes que são 6 milhões, a "contagem vitálícia" está ferida de morte... No Facebook, por exemplo, a página do benfica tem 425 mil fãs (com campanha aberta para chegar aos 500 mil), a do FC Porto (sem campanha) tem 300 mil e a do Sporting (com campanha) 145 mil... Os números da página dos desconsolados correspondem a pouco mais de 7% do universo de 6 milhões, se fizermos o mesmo exercício para os outros dois clubes chegaremos à conclusão que das duas uma: Ou os Censos vão revelar que a população portuguesa cresceu para números muito próximos dos 15 milhões (se toda a gente gostar de futebol e tiver um clube) ou então os 6 milhões são uma fraude. Eu vou mais pela segunda...